Em resposta a: Lesão térmica após o uso de um sistema de aquecimento convectivo
Os aquecedores de convecção são um complemento terapêutico bem estabelecido na sala de cirurgia, ajudando a manter a normotermia com segurança para milhões de pacientes todos os anos. Esses dispositivos aumentam a temperatura corporal transferindo calor para a pele, onde é absorvido pelo sangue e distribuído para o resto do corpo. Queimaduras podem ocorrer quando o calor aplicado na pele é alto o suficiente para causar lesões e excede a capacidade de absorção do sangue. Há muitos anos, aprendemos que os aquecedores clínicos de convecção produzirão calor suficiente para causar uma queimadura significativa se a mangueira de saída for direcionada para a pele sem uma manta térmica para dispersar o calor, uma prática chamada “hosing” ou “regamento”. Felizmente, com conhecimento, o risco do regamento é bem conhecido e os pacientes não devem mais sofrer lesões por seu uso.
Nesta edição do Boletim, Janik e Lewandowski relatam dois casos em que pacientes sofreram queimaduras com o uso de uma manta térmica. Em seu relato, eles identificaram as causas potenciais, que incluem mau funcionamento do dispositivo de aquecimento e falta do bocal de dispersão do ar aquecido, no caso de um dos pacientes. Eles também levantaram algumas questões sobre a aplicabilidade das advertências de segurança do manual do operador para a prática da anestesia. Felizmente, recebemos uma resposta do fabricante, a Smiths Medical, confirmando que os dispositivos usados para cuidar desses pacientes estavam funcionando dentro das especificações. A Smiths Medical também tomou medidas para garantir que há conectores de mangueira adequados disponíveis na instituição dos autores e lembra aos usuários que devem confirmar que esses conectores estão instalados ao usar o dispositivo.
No entanto, está claro que a eficácia dos aquecedores de convecção depende da produção de uma quantidade de calor que poderá causar ferimentos se o dispositivo não for usado adequadamente. Cabe aos médicos à beira do leito entender como aplicar com segurança esse importante tratamento. Devido aos requisitos de posicionamento da prostatectomia robótica e ao design da manta térmica descartável, foi necessário encaixar os “braços” ao redor do paciente. Não está claro se esse procedimento prejudicou a distribuição do ar aquecido através da manta, concentrando o calor no local de entrada e contribuindo para a queimadura. Sabemos, pela experiência de “hosing”, que o uso de mantas térmicas descartáveis é fundamental para mitigar o risco de queimaduras, e este relato levanta a questão do risco quando os materiais descartáveis não podem ser usados exatamente como projetado.
Que lições podemos tirar desses relatos e implementar à beira do leito para eliminar o risco de queimaduras? Certamente, não queremos deixar de usar essa tecnologia altamente eficaz. Além disso, precisamos continuar a usar mantas térmicas. As advertências de segurança existentes são esclarecedoras, particularmente a que diz “não use a configuração de temperatura mais alta ao tratar pacientes com sensibilidade diminuída, sem sensibilidade ou com perfusão ruim”. Embora o uso da configuração mais alta seja uma prática comum durante os cuidados anestésicos, muitos pacientes podem ser suficientemente aquecidos usando apenas a configuração média ou usando a configuração alta por um período limitado. Dadas as informações desses relatos, há algumas recomendações a serem consideradas ao usar aquecedores de convecção para reduzir o risco de queimaduras:
- Nunca use a mangueira sem manta térmica conectada corretamente. (Sabemos disso!)
- Reserve a configuração de temperatura mais alta para pacientes que estão significativamente hipotérmicos e precisam de correção rápida.*
- Use a configuração de temperatura mais alta pelo menor tempo necessário para atingir uma temperatura clinicamente aceitável.
- A configuração de temperatura selecionada para aquecedores de convecção deve ser guiada pela medição simultânea da temperatura corporal com uma sonda de temperatura interna, especialmente quando a configuração de saída mais alta for usada.
*NOTA: não há dados para informar a que taxa a temperatura deve ser corrigida. A normotermia é a meta final. O julgamento clínico continua a ser o melhor guia. Na opinião deste autor, uma hipotermia leve (35-36 graus Celsius) provavelmente não requer correção rápida com a configuração de temperatura mais alta. Hipotermia mais significativa (< 35 graus Celsius) provavelmente justifica uma correção mais agressiva, mas a configuração de temperatura provavelmente pode ser reduzida quando a temperatura corporal excede 35 graus Celsius. Fatores como a temperatura ambiente e a quantidade de superfície corporal que pode ser aquecida também influenciarão a configuração de temperatura necessária para atingir a normotermia.
Jeffery M. Feldman , MD, MSE, é anestesiologista do Children’s Hospital of Philadelphia e professor de Anestesiologia na Perelman School of Medicine, University of Pennsylvania
Jeffrey Feldman, MD, tem relações de consultoria com Micropore USA, Becton-Dickinson e Medtronic.
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