Uma nova abordagem para aumentar as taxas de vacinação contra a COVID-19: administração no período perioperatório

Celeste Day, MS, CRNA; Edward A Bittner, MD, PhD

Em 13 de novembro de 2021, a pandemia de COVID-19 havia infectado mais de 253 milhões de pessoas em todo o mundo, causando mais de 5 milhões de mortes. No momento da redação deste artigo, só os Estados Unidos tinham 46 milhões de casos, resultando em 762.000 mortes.1 As vacinas contra a COVID-19 disponíveis tiveram um impacto positivo na gravidade da doença e na sobrevida da população,2 mas apenas 59% da população vacinável dos EUA estava totalmente vacinada quando este artigo foi escrito.1 O custo total da pandemia é estimado em 16 trilhões de dólares.3 Existem várias razões para as baixas taxas de vacinação nos Estados Unidos, que não necessariamente se relacionam à recusa individual. Essas razões podem incluir fobia de agulhas, medo de ambientes de assistência médica, falta de acesso a locais de vacinação, falta de confiança no governo, preocupações de segurança a longo prazo e medo de deportação entre os imigrantes ilegais.

O período pré-operatório pode ser uma excelente oportunidade para informar sobre a vacina contra a COVID-19 e oferecer sua administração. Os pacientes podem estar receptivos ao conhecimento dos profissionais que prestam cuidados perioperatórios e à conveniência da vacinação durante a internação hospitalar. No momento, não há relatos anteriores de vacinação contra a COVID-19 durante o período perioperatório e não há diretrizes publicadas. O Center for Disease Control recomenda que cada paciente fale com os profissionais de saúde sobre vacinação em relação a procedimentos cirúrgicos ou outros procedimentos.4 Os riscos da administração de vacinas durante o período perioperatório e os benefícios da vacinação devem ser ponderados, levando em consideração a potencial resposta imune à vacinação e o efeito na cicatrização cirúrgica.5

Tabela 1: Protocolo para vacinação contra a COVID-19 no período perioperatório

Tabela 1: Protocolo para vacinação contra a COVID-19 no período perioperatório

Em colaboração com as equipes de anestesia e cirurgia, enfermagem e farmácia da sala de cirurgia, os autores desenvolveram um protocolo (Tabela 1) para vacinação perioperatória contra a COVID-19 aqui no Massachusetts General Hospital. Até o momento, cinco pacientes (Tabela 2) procuraram ativamente a vacinação contra a COVID-19 e receberam uma primeira dose durante o período perioperatório. Durante o período de um mês entre 15 de setembro de 2021 e 15 de outubro de 2021, entre os 94 pacientes atendidos, os autores encontraram oito pacientes não vacinados durante a prática anestésica regular. Nessa coorte, 50% dos pacientes não vacinados estavam dispostos a receber a vacina. Conseguimos atender a cada uma dessas solicitações com as doses de vacina disponíveis em nossa farmácia central no momento solicitado. Nenhum efeito colateral desfavorável foi relatado após a administração da vacina até o momento. Os cartões de vacinação foram preenchidos e entregues aos pacientes com instruções para auxiliar no agendamento da segunda dose da vacina em colaboração com as equipes cirúrgicas primárias, os pacientes e seus cuidadores.

Tabela 2: Características do paciente e razões para a vacinação no período perioperatório

Tabela 2: Características do paciente e razões para a vacinação no período perioperatório

A administração da vacina durante os cuidados anestésicos pode ser uma maneira eficaz de melhorar a adesão à vacinação e o bem-estar do paciente e da população. Embora o número de pacientes não vacinados que se apresentam para cirurgia seja desconhecido, é provável que se aproxime dos 40% de pacientes não vacinados na população geral dos EUA e pode ser ainda maior em regiões com taxas de vacinação mais baixas. Os pacientes do MGH que receberam essas doses tinham vários motivos para ainda não terem sido vacinados e todos ficaram gratos por receber a primeira dose.

Os próximos passos da iniciativa incluem estender o programa mais amplamente em toda a instituição e suas afiliadas, facilitar a administração da segunda dose e monitorar as taxas de sucesso. Várias perguntas permanecem sem resposta, inclusive se existem diferenças na eficácia da vacinação com base no tipo de procedimento cirúrgico, características do paciente e o momento ideal de administração durante o período perioperatório. Essas perguntas merecem um estudo mais amplo.

Apesar dos grandes esforços para vacinar toda a população durante a pandemia da COVID-19, um número significativo de pessoas ainda não recebeu a vacina. Esta é uma excelente oportunidade para os profissionais que prestam cuidados perioperatórios se unirem a fim de melhorar a saúde dos pacientes não vacinados e de toda a sociedade com a vacinação. Incentivamos as instituições em todo o mundo a se unirem a esses esforços implementando seus próprios programas de vacinação.

 

Celeste Day, MS, CRNA, é enfermeira anestesista sênior no Massachusetts General Hospital, Boston, MA, EUA.

Edward A Bittner MD, PhD, MSEd, é professor associado de Anestesia, Harvard Medical School, Massachusetts General Hospital, Boston, MA, EUA. Ele é editor associado do Boletim da APSF.


Os autores não apresentam conflitos de interesse.


Referências

  1. Johns Hopkins University of Medicine Coronavirus Resource Center. https://coronavirus.jhu.edu/. Last accessed November 13, 2021.
  2. Centers for Disease Control and Prevention COVID-19 Vaccine Effectiveness. https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/vaccines/effectiveness.html. Last accessed November 13, 2021.
  3. Cutler DM, Summers LH. The COVID-19 Pandemic and the $16 Trillion Virus. JAMA. 2020;324:1495–1496. https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2771764.
  4. Centers for Disease Control and Prevention COVID-19 Vaccines and Other Procedures. https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/vaccines/expect/other-procedures.html. Last accessed November 13, 2021.
  5. Lin C, Vazquez-Colon C, Geng-Ramos G, Challa C. Implications of anesthesia and vaccination. Paediatr Anaesth. 2021;31:531–538.