Perguntas frequentes sobre uso, proteção e descontaminação de máquinas de anestesia durante a pandemia de COVID-19

Última atualização: 24 de abril de 2020

Perguntas frequentes sobre equipamentos de anestesia – COVID-19

Colaboradores: Jeffrey Feldman, MD, Professor de Anestesiologia e Presidente do Comitê de Tecnologia da APSF; Robert “Butch” Loeb, MD, Professor de Anestesiologia da Universidade da Florida; James Philip, MD, Professor de Anestesiologia do Brigham & Women’s Hospital

Informações sobre segurança contra vírus de fabricantes e produtos de filtros de circuitos de respiração

Informações sobre segurança contra vírus de fabricantes e produtos de filtros de circuitos de respiração

Termo de isenção de responsabilidade: Nosso objetivo é apresentar nossas recomendações e oferecer um fórum para dúvidas. Devido ao ineditismo da COVID-19, as melhores evidências clínicas disponíveis baseiam-se em relatos de episódios vindos da China, Coreia do Sul, Itália e de epidemias anteriores, como SARS e MERS. A APSF não apoia nem endossa nenhum produto, equipamento ou técnica com marca comercial específico. Incentivamos com ênfase a conformidade com agências governamentais e organizações como CDC, OMS, ASA, AANA e AAAA. Estas diretrizes foram desenvolvidas usando o melhor discernimento de clínicos com experiência no uso de máquinas de anestesia em curto prazo em salas de cirurgia. Elas estão sendo atualizadas regularmente com base na experiência em usar máquinas de anestesia para ventilação de longo prazo em terapia intensiva. As informações e materiais fornecidos aqui têm apenas fins informativos e educacionais e não estabelecem um padrão de tratamento, nem constituem aconselhamento médico ou jurídico. Os leitores devem consultar suas próprias instituições e consultores médicos/jurídicos.

As informações das Perguntas frequentes a seguir se destinam a fornecer a melhor orientação possível para práticas seguras durante a pandemia de COVID-19. Certamente, condições locais ditarão a necessidade de modificações. Esperamos que haja informações suficientes para capacitar profissionais da saúde a tomarem boas decisões a fim de manter pacientes, colegas de trabalho e a si em segurança.



Qual é a melhor estratégia para proteger a máquina de anestesia contra contaminação por um paciente possivelmente infectado?

Resposta curta:

  • Instale um filtro viral de “alta qualidade” entre o circuito de respiração e as vias aéreas do paciente com a capacidade de coletar amostras de gás do lado da máquina do filtro.
    • É preferível um HMEF para preservar a umidificação.
    • Se apenas o filtro for usado, reduzir a vazão de gás fresco é uma estratégia importante para preservar a umidade. (1-2 L/min ou menos)
  • Instale um segundo filtro na extremidade do ramo expiratório na conexão com a máquina de anestesia.
  • As condições locais de disponibilidade de filtros determinarão quais dispositivos podem ser empregados. Alternativas são descritas a seguir.
  • Os circuitos de respiração devem ser descartados após cada paciente.

(Consulte a seguir Perguntas frequentes sobre detalhes de quais dispositivos de filtração usar e considerações especiais para pacientes pequenos)

Há dois motivos para proteger a máquina de anestesia contra contaminação por um paciente possivelmente infectado. Primeiro, se puderem entrar nas peças internas da máquina, patógenos poderão passar para um paciente subsequente. Segundo, os gases respiratórios de amostragem para a análise de gases, se não forem gerenciados adequadamente, podem transmitir patógenos para outros pacientes ou profissionais de saúde após saírem do analisador de gases.

A boa notícia é que as mesmas precauções podem ser aplicadas a todos os pacientes. A estratégia não é diferente em função do risco de infecção do paciente. Um filtro de “alta qualidade”, instalado entre o circuito de respiração e as vias aéreas do paciente, protegerá a máquina de contaminação e também de gases de amostragem para análise. Os filtros de troca de calor e umidade (HMEFs) são uma boa opção porque preservam a umidade das vias aéreas e são projetados para que o gás de amostragem seja filtrado antes de entrar no analisador de gases (observe que HMEs sem filtros não fornecem proteção à máquina de anestesia nem ao analisador de gases). É possível usar um filtro apenas nas vias aéreas que também não sejam trocadores de calor e umidade, mas estratégias como anestesia de baixa vazão devem ser empregadas para preservar a umidade. Se um filtro for usado apenas nas vias aéreas, é desejável uma vazão menor de gás fresco (1-2 L/min ou menos) durante a manutenção da anestesia para preservar a umidade no circuito.

Configuração preferencial de filtro viral

Embora um filtro de alta qualidade nas vias aéreas proteja o gás de amostragem e a máquina de anestesia, há motivos para considerar a adição de um segundo filtro na extremidade do ramo expiratório. O filtro das vias aéreas pode sujar e perder eficácia e, em pacientes pequenos, os filtros de vias aéreas são projetados para minimizar o espaço morto e, portanto, no geral, são menos eficazes. O segundo filtro não é apenas uma salvaguarda razoável para proteger a máquina contra partículas que passam pelo filtro primário, mas também aumenta significativamente a eficácia do primeiro filtro.

O que posso fazer se a opção de dois filtros não for possível devido à limitação de suprimentos?

  • Posso trocar os filtros com menos frequência?
    A frequência de troca dos filtros depende do tipo de filtro e do uso clínico. Os filtros instalados nas vias aéreas são suscetíveis à oclusão progressiva por secreções e podem precisar ser trocados se a resistência à vazão e as pressões nas vias aéreas ficarem muito altas. Os filtros no ramo expiratório têm menos probabilidade de necessitarem de substituição por oclusão. Em geral, os fabricantes recomendam intervalos máximos para a troca de filtros. Essas recomendações devem ser observadas, a menos que a escassez torne a troca difícil ou impossível. Nesse caso, continuar usando o filtro é melhor do que nada. Enquanto o filtro não estiver sujo, a eficácia da filtração viral deve ser mantida.

    • O filtro instalado nas vias aéreas terá que ser trocado entre cada paciente. O lado do paciente do filtro contém todas as partículas que o paciente exalou, inclusive vírus, se houver.
    • Parece ser uma opção deixar o filtro do ramo expiratório instalado entre pacientes se o suprimento do filtro estiver restrito devido à vazão direcional de gás para o lado oposto ao paciente. Não se sabe quanto tempo o filtro pode ser usado antes de o desempenho diminuir. É prudente trocar com a frequência que a disponibilidade de materiais permitir, seguindo as recomendações do fabricante. A superfície externa deve ser limpa entre pacientes.
    • A reutilização de mangueiras do circuito de respiração é potencialmente mais problemática porque a mangueira inspiratória distal pode ser contaminada, apesar da vazão unidirecional, e a superfície externa do circuito é difícil de se limpar de forma confiável.
  • Pode ser necessário usar apenas um filtro. Infelizmente, não há dados sobre a eficiência mínima de filtração que ainda oferecerá proteção (consulte a próxima Pergunta frequente). Como solução única, o filtro instalado nas vias aéreas só pode ser suficiente se for um filtro de alta qualidade. Um único filtro na extremidade do ramo expiratório protegerá a máquina de anestesia, mas não o gás de amostragem, o que pode não ser um problema se o gás de amostragem não retornar ao circuito de respiração.

Preciso filtrar os gases de amostragem para fins de análise?
Depende do projeto de sua máquina de anestesia. Algumas máquinas direcionam o gás para o sistema de exaustão, enquanto outras o direcionam para o circuito de respiração.

Se os gases de amostragem forem para o sistema de exaustão, a filtração será desnecessária. Se estiver usando um analisador de gases não integrado à máquina de anestesia, é fácil rastrear o gás de exaustão, que deve ir para um sistema de exaustão ativo (não passivo) e não para o ambiente. Normalmente, as conexões ficam ocultas em analisadores de gás integrados. A tabela a seguir indica o destino de saída do analisador de gases integrado de acordo com o fabricante:

GE: A Aisys CS2, com software versão 11, é a única máquina preparada de fábrica em que o gás de amostragem retorna ao sistema de respiração. A tubulação de todas essas máquinas pode ser remanejada em campo para que o gás de amostragem retorne ao exaustor. A remoção de um painel para fazer a alteração requer pessoal treinado.

Modelo de anestesia da GE Medição de gás integrada ou modular Gás de amostragem retorna para Retorno do gás de amostragem pode alterado pelo cliente.
Aestiva Não N/A N/A
Aespire Não N/A N/A
Avance Sim Exaustor Engenheiro em campo
Aisys Sim Exaustor Engenheiro em campo
Carestation 600 Sim Exaustor Engenheiro em campo
Avance CS2 Sim Exaustor Engenheiro em campo
Aisys CS2 Sim Exaustor Engenheiro em campo
Aisys CS2 software V11 (Nota) Sim Circuito do paciente Engenheiro em campo

Draeger

Máquinas de anestesia com analisadores de gás integrados Aonde vai a saída do analisador de gases
Apollo Retorna ao circuito de respiração
Perseus Retorna ao circuito de respiração
Fabius/Tiro/Fabius MRI – análise de gás não integrada Exaustor
  • Se os gases de amostragem retornarem ao circuito de respiração, eles devem ser filtrados. Os coletores de água possuem filtros integrados e a eficiência da filtração viral (VFE) determina a eficácia. Os coletores de água GE DFend Pro incluem um filtro de 0,2 mícron com VFE de 99,999%. A Draeger usa um filtro de 0,2 mícron no coletor de água, mas a VFE ainda não foi determinada. Se uma opção de filtro para vias aéreas não estiver disponível e a VFE do filtro do coletor de água não puder ser confirmada, um filtro para medicamentos injetáveis de 0,2 mícron semelhante ao usado em kits peridurais pode ser instalado no coletor de água e usado entre pacientes após a limpeza da superfície.
  • Se o gás de amostragem for direcionado ao sistema de exaustão, filtração adicional pode não ser necessária, pois há padrões para gerenciar riscos biológicos no sistema de sucção central ou no sistema de gases anestésicos residuais (WAGS). Confirme com o gerente de recursos local o risco de perigo biológico no sistema de sucção.
  • O gás de amostragem não filtrado não deve ser exaurido diretamente no ambiente da sala de cirurgia nem em um sistema de exaustão passivo.

Preciso de um filtro no ramo inspiratório?

Às vezes, outro filtro entre a máquina e o ramo inspiratório também é adicionado, mas isso não é necessário para proteger o paciente se a máquina for mantida limpa. O filtro instalado nas vias aéreas e/ou os filtros no ramo expiratório já são suficientes. O principal motivo para adicionar um filtro de ramo inspiratório é eliminar a chance de erro instalando um único ramo filtrado no orifício inspiratório em vez de no expiratório. Se houver preocupação de contaminação das peças internas, é importante instalar um filtro de alta qualidade no ramo inspiratório.

Se o suprimento de filtros estiver muito baixo, qual é a abordagem mais conservadora para reutilizar materiais?

O protocolo a seguir do Dr. Jan Hendrickx, Hospital OLV, Aalst, Bélgica, descreve quantos componentes do circuito podem ser reutilizados após o atendimento a pacientes de baixo risco.

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Qual tipo de filtro de circuito de respiração provavelmente impede a passagem do vírus SARS COV-2 do paciente para a máquina de anestesia?

Resposta curta:

  • A eficiência de filtração viral (VFE) mínima necessária para garantir que o vírus SARS COV-2 não passe do paciente para a máquina de anestesia não é conhecida.
  • Os filtros mecânicos (plissados) têm desempenho melhor do que os filtros eletrostáticos e são menos afetados por vapor de água.
  • Em geral, filtros e HMEFs têm VFE nominal de 99,99%, o que deve proporcionar boa proteção.
  • O volume corrente mínimo nominal do dispositivo instalado nas vias aéreas deve ser considerado para minimizar o impacto do espaço morto na ventilação. Uma regra prática consiste em considerar três vezes o volume interno do dispositivo como o volume corrente mínimo.

Não há dados que atestem a eficácia de filtros de circuitos de respiração para impedir a transmissão do SARS COV-2 para profissionais de saúde ou pacientes. Todos os filtros de circuitos de respiração diminuem a transmissão viral, mas não sabemos a especificação de desempenho mínimo que será protetora. As informações apresentadas aqui baseiam-se no melhor material de referência identificado até o momento. Os filtros plissados (mecânicos) são preferíveis a filtros eletrostáticos, pois estes podem perder a eficácia com a umidade. HMEFs e filtros eletrostáticos são comumente usados e podem ser “suficientemente bons”, mas não são recomendados por algumas fontes para uso em um sistema circular ou com umidificação ativa. Os filtros mecânicos são maiores e têm menos resistência à respiração, mas o espaço morto também aumenta, o que pode ser um problema para pacientes pequenos.* Não há filtros mecânicos disponíveis com um volume corrente mínimo recomendado inferior a 150 ml.

O desempenho de filtros projetados para proteção contra vírus é medido usando a Eficiência da filtração viral, ou VFE, e é relatado para todos os filtros comerciais. A VFE é determinada usando testes padronizados de acordo com a Norma ASTM F2101. O tamanho de partícula testado tem em média 3 mícrons, o que é aceito com próximo de uma partícula viral suspensa em uma gotícula. Uma VFE de 99,99% significa que apenas uma partícula em 10.000 (104) passará pelo filtro nas condições de teste padrão que controlam a vazão. 30 L/minuto é uma vazão comumente usada para testes de condições em adultos. Vazão mais elevada reduz a VFE.

Não se sabe qual VFE é necessária para garantir que as partículas virais não passem de um paciente infectado para a máquina de anestesia. A combinação de filtros em série aumenta significativamente o VFE, o que é outro bom motivo para usar dois filtros, conforme descrito acima. Se cada filtro for capaz de deixar passar 1 em 104 partículas (VFE = 99,99%), a eficiência combinada será de 1 em 108. Estão disponíveis filtros de alta qualidade que atendem ou excedem a VFE de 99,99%.

A APSF não promove nenhum produto ou fabricante específico. Para fins de referência, apresentamos a seguir algumas fontes de filtros que satisfazem os requisitos descritos acima. Recursos adicionais serão adicionados assim que ficarem disponíveis.

  • Planilha resumida das opções de filtro – Não inclui todos os produtos disponíveis: Clique aqui.

ALGUNS FABRICANTES DE FILTROS

*NOTA SOBRE PACIENTES PEDIÁTRICOS:

HMEFs que minimizam o espaço morto normalmente são usados em pacientes pediátricos para proporcionar umidificação e filtração. Todos esses são filtros eletrostáticos com classificações de VFE não tão boas quanto as de filtros mecânicos (plissados) maiores e a VFE piora com a umidade. Embora o uso de um HMEF seja desejável para manter a umidificação, não está claro até que ponto qualquer redução na VFE aumenta o risco de transmissão viral. O gás de amostragem do HMEF, especificamente. pode ou não estar protegido contra transmissão viral para os equipamentos e pode precisar ser filtrado separadamente se retornar ao circuito de respiração. A máquina de anestesia deve ser protegida instalando um filtro viral mecânico de alta qualidade entre a extremidade do ramo expiratório e a máquina. A classificação mínima segura desse filtro viral na ausência de um filtro confiável de vias aéreas é desconhecida, mas filtros de qualidade com VFEs de 99,999% e acima estão disponíveis e devem ser usados, se possível. O filtro instalado na extremidade do ramo expiratório não tem impacto no espaço morto.

Recomendação para pacientes pequenos em que espaço morto gerado por um filtro de vias aéreas é uma preocupação.

  • Nas vias aéreas, use um HMEF com espaço morto aceitável para garantir a umidificação. Os dispositivos disponíveis normalmente têm um espaço morto de 10 ml e um volume corrente mínimo de 30 ml (paciente de 5 kg).
  • Coloque um filtro viral na extremidade do ramo expiratório com uma VFE de 99,999% ou superior. Troque sempre que os suprimentos permitirem e limpe a superfície se não for trocado entre pacientes.
  • Caso se confirme que o filtro no coletor de água possui uma VFE eficaz, os gases de amostragem das vias aéreas não requerem filtração adicional (veja acima). Caso contrário, a instalação de um filtro para medicamentos injetáveis de 0,2 mícron na entrada do coletor de água fornecerá proteção adicional. É o mesmo filtro que é normalmente instalado em uma bandeja peridural para filtrar injeções peridurais. O filtro para medicamentos deve ser trocado entre pacientes.

Referências:

  1. Wilkes, A. R. (2002). Measuring the filtration performance of breathing system filters using sodium chloride particles (Medição do desempenho de filtração de filtros de sistemas de respiração usando partículas de cloreto de sódio). Anaesthesia, 57(2), 162–168.
  2. Wilkes, A. R. (2010). Heat and moisture exchangers and breathing system filters: their use in anaesthesia and intensive care (Trocadores de calor e umidade e filtros de sistemas de respiração: seu uso em anestesia e terapia intensiva). Part 1 – history, principles and efficiency (Parte 1 – histórico, princípios e eficiência). Anaesthesia, 66(1), 31–39.
  3. Wilkes, A. R. (2010). Heat and moisture exchangers and breathing system filters: their use in anaesthesia and intensive care (Trocadores de calor e umidade e filtros de sistemas de respiração: seu uso em anestesia e terapia intensiva). Part 2 – practical use, including problems, and their use with paediatric patients (Parte 2 – uso prático, incluindo problemas, e seu uso em pacientes pediátricos). Anaesthesia, 66(1), 40–51.
  4. Fehr, A. R., & Perlman, S. (2015). Coronaviruses: An Overview of Their Replication and Pathogenesis (Coronavírus: Uma visão geral de sua replicação e patogênese). Em Coronaviruses(Vol. 1282, pg. 1–23). Nova York, NY: Springer New York.
  5. Sprung, C. L., Zimmerman, J. L., Christian, M. D., Joynt, G. M., Hick, J. L., Taylor, B., et al. (2010). Recommendations for intensive care unit and hospital preparations for an influenza epidemic or mass disaster: summary report of the European Society of Intensive Care Medicine’s Task Force for intensive care unit triage during an influenza epidemic or mass disaster (Recomendações para unidade de terapia intensiva e preparações hospitalares para uma epidemia de influenza ou desastre em massa: relatório resumido da Força-Tarefa da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva para triagem de unidades de terapia intensiva durante uma epidemia de influenza ou desastre em massa). Intensive Care Medicine, 36(3), 428–443.

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Tenho de me preocupar com a transmissão do vírus SARS COV-2 da máquina de anestesia para um paciente?

Resposta curta: Enquanto a máquina estiver protegida em todos os casos por filtros de alta qualidade, conforme descrito nas Perguntas frequentes anteriores, não há risco para os pacientes subsequentes.

Nenhum fabricantes recomenda procedimentos de limpeza que envolvam os componentes internos da máquina, contanto que sejam utilizados filtros de alta qualidade com cada paciente para evitar que vírus exalados entrem na máquina e as linhas de amostragem de gás estejam conectadas ao lado da máquina do filtro.

A experiência clínica não sugere que a transmissão de patógenos da máquina para o paciente seja um risco elevado. A APSF forneceu orientações sobre essa questão no passado. (1,2) Patógenos devem atravessar o ambiente cáustico do absorvente de CO2, sobreviver à baixa umidade do gás fresco que entra no circuito e transpor as vias do lado inspiratório do ventilador e do circuito de respiração. Dito isso, um estudo mostrou que os patógenos bacterianos são capazes de atravessar o espaço entre os grânulos absorventes. (3) Além disso, ninguém se sentiria à vontade em conectar uma máquina contaminada por um patógeno a outro paciente sem a limpeza adequada. Os fabricantes são a melhor fonte de informações sobre procedimentos de limpeza para dispositivos específicos. (Encontre informações adicionais sobre limpeza de máquinas em: https://www.asahq.org/-/media/files/spotlight/anesthesia-machines-as-icu-ventilators413.pdf?la=en&hash=0A7251BF688103326957E48A504B42E27D8E9701)

Na ausência de dados, as recomendações de limpeza dos fabricantes podem ser excessivamente restritivas devido a preocupações médico-jurídicas. A instalação de um filtro viral de alta qualidade no ramo inspiratório que pode ser reutilizado entre pacientes é uma opção viável para recolocar a máquina em serviço rapidamente após seguir os procedimentos de esterilização.

Referências:

  1. Discussão de 2009 da APFC sobre o tema: https://www.apsf.org/article/cross-contamination-via-anesthesia-equipment/
  2. Discussão de 2009 da APFC sobre contaminação de gás de amostragem: https://www.apsf.org/article/cross-contamination-via-gas-sampling-lines/
  3. Dryden, G. E. (1969). Risk of contamination from the anesthesia circle absorber: an evaluation (Risco de contaminação pelo absorvedor circular de anestesia: uma avaliação). Anesthesia & Analgesia, 48(6), 939–943.

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O gás de amostragem deve retornar ao circuito de respiração ou ao exaustor?

Resposta curta:

  • O gás de amostragem do lado da máquina de um HMEF não está contaminado e pode ser retornado ao circuito de respiração ou ao sistema de exaustão.
  • O gás de amostragem sem o benefício de um filtro confiável pode estar contaminado. Ele não deve ser retornado ao circuito de respiração, mas pode ser ao sistema de exaustão. Os processos locais de manuseio de carga biológica na sucção central devem ser confirmados. As normas atuais para sucção de grau médico consideram os riscos de infecção.
  • Um filtro para medicamentos injetáveis de 0,2 mícron (por exemplo, do tipo peridural) pode ser instalado na conexão ao coletor de água, mas deve ser trocado entre pacientes. Capnografia é possível, mas a qualidade do capnograma pode ser afetada e deve ser confirmada antes do uso clínico.

Deve ocorrer amostragem rotineira dos gases inspirados e expirados durante o atendimento anestésico para medir as concentrações de gases. Filtros e HMEFs de alta qualidade que incluam um orifício para amostragem de gás no lado do filtro (protegido) da máquina devem estar prontamente disponíveis. Em seguida, o gás pode ser direcionado através do analisador de gases para o circuito de respiração ou sistema de exaustão, sem risco de contaminação. Direcionar o gás de volta para o circuito de respiração tem a vantagem de reduzir o desperdício.

Se a linha de amostragem de gás estiver conectada a um cotovelo ou não for filtrada, por exemplo, para obter um capnograma melhor, gases potencialmente contaminados entrarão no analisador de gases normalmente através de um coletor de água. Há um filtro no coletor de água e alguns podem ser muito eficazes para bloquear vírus. Os coletores de água GE DFend Pro incluem um filtro de 0,2 mícron com VFE de 99,999%. A Draeger usa um filtro de 0,2 mícron no coletor de água, mas a VFE ainda não foi determinada. Se o HMEF for contornado pelo gás de amostragem, recomenda-se que o gás de amostragem não retorne ao sistema de respiração, a menos que a VFE do filtro do coletor de água possa ser confirmada ou que o gás retorne a um sistema de exaustão projetado para lidar com segurança com cargas biológicas. Um filtro para medicamentos injetáveis de 0,2 mícron (por exemplo, do tipo peridural) pode ser instalado na conexão ao coletor de água e proporcionar alguma proteção adicional, mas deve ser trocado entre pacientes. Capnografia é possível quando se utiliza filtro para medicamentos, mas a qualidade do capnograma pode ser afetada.

Referências:

  1. Orientação de 2009 da APFC sobre o tema: https://www.apsf.org/article/cross-contamination-via-gas-sampling-lines/

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Preciso substituir o coletor de água do gás de amostragem após cada paciente?

Resposta curta: Sim, se usado com um paciente positivo para COVID ou um paciente potencialmente infectado. Não, se o gás de amostragem passou por um filtro viral de alta qualidade.

O coletor de água tem uma vazão contínua de gás do paciente para a máquina. Se esse gás foi filtrado usando um filtro viral de qualidade, o coletor de água não é contaminado e não precisa ser trocado. Recomenda-se trocar a tubulação de amostragem de gás e limpar a superfície externa do coletor de água entre pacientes.

O coletor de água deve ser substituído se for usado com um paciente positivo para COVID ou um paciente potencialmente infectado.

Obviamente, coletores de água devem ser substituídos de acordo com o cronograma recomendado.

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Qual é o método adequado para limpar a máquina de anestesia entre pacientes que não se sabe se são positivos para COVID ou que estão em investigação (PUI)?

Resposta curta: Os procedimentos de limpeza são os mesmos para todos os pacientes que não se sabe se são positivos para COVID ou PUI. Dependendo da prevalência da doença ou dos recursos de testes locais, todos os pacientes podem ser tratados como sendo positivos para COVID Devem ser usados filtros virais de alta qualidade para proteger a máquina. Entre pacientes, descarte os itens descartáveis – circuito de respiração, bolsa do reservatório, máscara do paciente, tubulação de amostragem de gás, filtros instalados nas vias aéreas e em outros locais, se o suprimento for suficiente. Limpe todas as superfícies expostas. As recomendações de limpeza do fabricante são úteis para dispositivos individuais.

É uma decisão local determinar se os pacientes podem ser testados com segurança antes de um procedimento para descartar a possibilidade de resultado positivo para COVID. Algumas instituições estão usando resultados negativos de testes para orientar o uso de precauções padrão e preservar o inventário de EPIs para pacientes conhecidos com status desconhecido de COVID. Como observado anteriormente, um filtro viral de alta qualidade protegerá os componentes internos da máquina de anestesia contra contaminação. Itens de uso único devem ser descartados e não usados entre pacientes. Se testes não puderem ser realizados ou as normas locais incluírem tratar todos os pacientes como positivos para COVID, consulte a próxima Pergunta frequente sobre limpeza após pacientes positivos para COVID. Em geral, a prática de usar um HMEF e reutilizar o circuito de respiração entre pacientes não é desejável, em parte porque é praticamente impossível descontaminar as superfícies externas do circuito. Na Europa, algumas instituições estão reutilizando circuitos trocando apenas o filtro das vias aéreas após uso em pacientes com baixo risco de infecção por COVID-19. Normalmente, os fabricantes recomendam soluções de limpeza seguras e eficazes para a limpeza entre pacientes. Práticas habituais para limpeza de superfícies são aceitáveis.

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Qual é o método adequado para limpar a máquina de anestesia entre pacientes que sabidamente são positivos para COVID ou que estão em investigação (PUI)?

Resposta curta: Encontre orientações específicas sobre este tema em: https://www.asahq.org/-/media/files/spotlight/anesthesia-machines-as-icu-ventilators413.pdf?la=en&hash=0A7251BF688103326957E48A504B42E27D8E9701.

As recomendações para o uso de filtros virais de alta qualidade destinam-se a eliminar o risco de contaminação interna da máquina de anestesia, portanto, não devem ser necessários procedimentos especiais de limpeza. Embora seja improvável que a máquina esteja contaminada e seja capaz de infectar um paciente subsequente, não há dados objetivos de que as práticas recomendadas possam impedir absolutamente a infecção cruzada de pacientes. Além disso, se a máquina for usada para ventilação prolongada de um paciente positivo para COVID em UTI, é razoável supor que o risco de contaminação interna da máquina aumente. Se houver suspeita de contaminação interna da máquina, devem ser seguidas as recomendações de limpeza e esterilização do fabricante. Isso pode ser um processo trabalhoso e demorado, que pode manter a máquina fora de serviço por mais tempo do que o desejado.

As recomendações do fabricante podem ser excessivamente restritivas devido a preocupações médico-legais. Por exemplo, a Draeger e a Mindray recomendam pôr a máquina em quarentena por 21 a 28 dias antes da reutilização. Não há dados para sustentar essa recomendação nem qualquer modificação dela. Felizmente, muitas máquinas são projetadas para esterilizar os componentes internos. É preferível usar máquinas com essa capacidade, especialmente para pacientes positivos para COVID e PUI. Uma alternativa a considerar é esterilizar componentes internos de acordo com os procedimentos do fabricante e, em seguida, instalar um filtro viral de alta qualidade no ramo inspiratório. Consulte https://www.asahq.org/-/media/files/spotlight/anesthesia-machines-as-icu-ventilators413.pdf?la=en&hash=0A7251BF688103326957E48A504B42E27D8E9701 para obter informações adicionais.

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Como as peças internas da máquina podem ser esterilizadas?

Resposta curta: Siga as recomendações do fabricante.

Todos os fabricantes fornecem informações de referência e contatos de suporte ao cliente para responder dúvidas sobre procedimentos de limpeza para dispositivos específicos.

Referências:

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Uma máquina de anestesia pode ser utilizada como um ventilador de UTI?

A APSF e a ASA colaboraram para elaborar a orientação para utilização de máquinas de anestesia como ventiladores de UTI. Clique aqui: https://www.asahq.org/ventilators

Resposta curta: Em geral, máquinas de anestesia têm ventiladores altamente capazes que devem satisfazer as necessidades da grande maioria dos pacientes com doenças respiratórias que requerem de suporte ventilatório mecânico. Os profissionais de anestesia devem oferecer consultoria e suporte para garantir que anestésicos não sejam administrados por engano e que as configurações do ventilador sejam gerenciadas adequadamente.

Espera-se que a falta de ventiladores de UTI seja um problema se o número de pessoas infectadas com insuficiência ventilatória exceda a disponibilidade de ventiladores. Utilizar uma máquina de anestesia como ventilador de UTI é considerado um uso não prescrito, mas certamente deve ser considerado uma intervenção para salvar vidas. Cada instituição precisará determinar a melhor forma de usar logisticamente as máquinas de anestesia para ventilação mecânica prolongada. Os procedimentos existentes para ventiladores de UTI para umidificação de longo prazo e substituição de filtros e circuitos de respiração devem ser aplicados na medida do possível. Os profissionais de anestesia devem se envolver na modificação de procedimentos e na gestão do uso do dispositivo. No momento da redação deste texto, a GE e a Draeger tinham publicado orientações adicionais sobre esse tema. Entre em contato diretamente com eles para obter essas orientações caso necessite usar máquinas de anestesia como ventiladores de UTI.

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Quais são as recomendações para transportar pacientes intubados de e para a sala de cirurgia?

Resposta curta: Sempre mantenha um HMEF ou filtro de alta qualidade nas vias aéreas. Vede o tubo endotraqueal com um grampo sempre que ele se for desconectado do filtro para manter um sistema fechado. Os sistemas Mapleson D podem eliminar a preocupação com o espaço morto gerado pelo filtro se este for instalado no lado do dispositivo da vazão de gás fresco.

O transporte de pacientes é uma parte comum da prática de anestesia e quase certamente será necessário quando pacientes positivos para COVID exigirem um procedimento urgente na sala de cirurgia. As instituições devem ter diretrizes locais sobre rotas de transporte preferenciais e o uso de EPIs para o paciente e os profissionais da saúde durante o transporte. Pacientes entubados necessitarão de ventilação contínua durante o transporte. Ventiladores de transporte e bolsas de ressuscitação autoinfláveis devem ser usados com um filtro viral de alta qualidade instalado nas vias aéreas. Ventiladores normalmente expelem o gás expirado para o ambiente contíguo, portanto, a proteção adicional de incluir a instalação de um filtro viral de alta qualidade na extremidade do ramo expiratório.

Para pacientes em que o espaço morto imposto pelo filtro for uma preocupação, um circuito de transporte do Mapleson tipo D elimina o impacto do espaço morto adicional SE o filtro for instalado no lado do dispositivo da entrada de vazão de gás fresco e a vazão fluxo de gás fresco estiver definido para exceder a ventilação minuto.

SIM – HMEF no lado do dispositivo da entrada de vazão de gás fresco elimina o espaço morto imposto.

SIM – HMEF no lado do dispositivo da entrada de vazão de gás fresco elimina o espaço morto imposto.

NÃO – O HMEF impõem espaço morto adicional quando instalado no lado do paciente da entrada de vazão de gás fresco.

NÃO – O HMEF impõem espaço morto adicional quando instalado no lado do paciente da entrada de vazão de gás fresco.

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Como o tubo endotraqueal pode ser desconectado com segurança do circuito de respiração de anestesia para transporte, sucção ou terapia com nebulizador?

Resposta curta: Ao iniciar o processo de transporte, deixe o filtro viral instalado no tubo endotraqueal e conecte o filtro ao dispositivo de ventilação de transporte. Use dispositivos de sucção e nebulização em linha. Feche o tubo endotraqueal com um grampo sempre que ele se for desconectado do filtro para manter um sistema fechado.

Quando um filtro viral de “alta qualidade” estiver instalado no tubo endotraqueal, o circuito de respiração pode ser desconectado do filtro para movimentar um paciente ou reconexão a um dispositivo de ventilação diferente. O filtro é confiável para impedir que vírus expirados pelo paciente contaminem a sala.
A sucção do tubo endotraqueal ou a administração de medicamentos nebulizados é um problema diferente. Se for prevista a necessidade de sucção, um sistema de sucção fechado (como os utilizados em terapia intensiva) deve ser instalado entre o tubo endotraqueal e o filtro assim que o tubo endotraqueal for inserido. Nebulizadores em linha deverão ser instalados no lado do paciente do filtro para administrar a medicação com eficácia. Se sucção fechada ainda não estiver instalada ou for necessário um adaptador de nebulizador em linha, o ventilador deve ser pausado e o tubo endotraqueal vedado com grampo sempre que for desconectado do HMEF.

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Estamos ficando sem as lâminas para laringoscópio/GlideScope. Como podemos limpá-las e esterilizá-las?

Não temos orientações sobre o processamento individual de laringoscópios ou processos de desinfecção de alto nível. Salvo melhor juízo, nenhum dos quatro principais fabricantes de lâminas descartáveis para videolaringoscópio (tampas) dos EUA recomenda a limpeza ou esterilização de seus materiais descartáveis para reutilização. No entanto, diversos centros médicos dos EUA estão usando várias técnicas para processar e reutilizar essas tampas. A ASA e a APSF recomendam o uso de videolaringoscópios em vez de laringoscópios normais, para manter os rostos dos profissionais de anestesia mais afastados das vias aéreas/bocas de seus pacientes durante esta pandemia. Esses centros médicos que estão reprocessando suas lâminas videolaringoscópicas descartáveis estão tentando conservar lâminas prevendo sua escassez devido à limitação ou distribuição inadequada de suprimentos.

A seguir, diversos exemplos de técnicas usadas por centros médicos para processar lâminas para reutilização. A ASA e a APSF não endossam qualquer empresa ou técnica específica, Estes exemplos são fornecidos apenas para fins informativos.

Para conservar equipamentos de videolaringoscopia, lembre-se de que equipamentos de rotina podem ser utilizados em pacientes com Classes 1 e 2 na escala de Mallampati de vias aéreas facilmente visíveis. Independentemente disso, consulte os regulamentos do CDC e da FDA em: https://www.cdc.gov/infectioncontrol/guidelines/disinfection/reuse-of-devices.html

Também recomendamos entrar em contato com o fabricante para obter orientações para limpeza em caso de escassez. Também é possível examinar as recomendações recentes em Infection Prevention in the Operating Room Anesthesia Work Area (Prevenção de infecções na área de trabalho de anestesia da sala de cirurgia) da Society for Healthcare Epidemiology of America (SHEA).

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